sábado, 1 de agosto de 2009

Espelho de uma realidade


Essa semana revi, pela quarta vez, "Cidade Baixa", filme do baiano Sérgio Machado. Sempre gostei de rever filmes, já cheguei a assistir três vezes a mesma produção no cinema. Naturalmente, isso já levantou suspeitas quanto à minha sanidade. Para mim, assistir a um filme com pessoas diferentes é sempre uma experiência nova. Fora a questão de que, a cada projeção, vemos uma peça transformada, com novas nuances e detalhes antes imperceptíveis.

No caso de "Cidade Baixa", a experiência é ainda mais prazerosa. O triângulo amoroso formado por três atores em estado de graça - Wagner Moura, Lázaro Ramos e Alice Braga - carrega muito significado e traz embutido uma Bahia verdadeira. Na cinematografia recente, nenhum outro filme reproduziu Salvador com tanta verdade, no seu linguajar urbano e nos seus becos e ruelas carregados de muita sacanagem. Se o vocabulário utilizado traduz o Dicionário Baianês com fidelidade, é no que não é dito que o filme se aproxima da excelência. Os olhares trocados, os gestos cheios de significado, o amor e o ódio que une e aparta os amigos Deco (Lázaro) e Naldinho (Wagner). Tudo confluindo para um final silencioso e aberto às mais diversas interpretações. Se você já viu esse pequeno grande filme, reveja. Se não viu, tire o atraso.

3 comentários:

Anônimo disse...

Você escreve muito bem!
Parabéns.
Sobre o filme, acho que implode com a gramática cinematográfica tradicional e justamente por isso retrata tão bem a cidade de salvador. A exibição bela e perversa das relações amorosas. Sem maquiagens.

Socorro disse...

Eu também, Leo, gosto muito de ver o mesmo filme com pessoas diferentes. Já vi Deus e o diabo umas 10 vezes. É como se através dele pudesse mostrar meu sertão pras pessoas da cidade. O olhar do outro talvez melhore mesmo o nosso.
Como será que quem não é baiano vê Cidade Baixa?

Leo Maia disse...

Mesmo sendo um filme com uma narrativa muito interessante e uma história universal, acho que ninguém curte o filme tanto quanto um baiano... Pode parecer bairrismo bobo, mas quem é baiano entende o que eu falo!