quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dez anos depois


Vem aí o Rock in Rio 4, com edição prometida para setembro de 2011, em uma nova Cidade do Rock. Chega dez anos depois da terceira versão do festival, que trouxe bons nomes para o Brasil no verão de 2001. Desde então, o festival criado por Roberto Medina passou por Lisboa e Madri, deixando seu país natal de lado. O dinheiro é do empresário, claro, e ele investe como quer, mas utilizar o nome "Rock in Rio" no exterior sempre me pareceu no mínimo esquizofrênico. Agora, pegando carona na moda Brasil, com Copa do Mundo e Olimpíadas chegando, ele resolve reviver o festival na cidade que lhe deu fama. Mas será que ainda precisamos do Rock in Rio?

Bom, a enxurrada de shows internacionais este ano é uma amostra de que o Rock in Rio não é mais essencial como antes. Se em 2001, Brasil ainda não era destino certo para muitos artistas, em 2010, a história é outra. Além dos festivais - como SWU, Planeta Terra, Natura About Us - diversos artistas vieram para shows solo, transformando a dúvida cruel de "quando será que eles vêm?" para "será que terei dinheiro para ver tantos shows?".

Não há como negar, entretanto, que o Rock in Rio apresentou alguns dos shows antológicos da nossa história, como Queen e AC/DC na primeira edição de 1985, Guns N´Roses e Prince na segunda de 1991, e Neil Young e R.E.M em 2001. Nesta derradeira edição, o Rock in Rio 3, eu estava presente e lembro como se fosse hoje da emoção de participar de uma festa daquela extensão, com 250 mil pessoas juntas pela música. Até hoje me impressiono com o tamanho daquele Rock in Rio, ainda mais quando comparo com o tamanho dos eventos hoje. Fui a cinco dos sete dias, ficando de fora apenas do dia teen (Britney Spears e cia) e da abertura pouco atraente (Sting, James Taylor etc). A organização do evento (que foi o meu primeiro de grande porte) e os bons shows de Foo Figthers, Oasis, Silverchair, Guns N´Roses Iron Maiden, além dos citados R.E.M. e Neil Young, me marcaram e fizeram minha paixão pela música aumentar. É claro que houve também decepções, como o morno show de Red Hot Chili Peppers, mas no geral o resultado foi bem positivo.

Espera-se que o novo Rock in Rio faça valer essa história anterior de sucesso. Que coloque no palco velhas cobras do rock com revelações e que espalhe nomes consagrados em todos os seus dias. O receio é que a organização se perca nas escolhas, como ocorreu em algumas das edições européias do festival, misturando alhos e bugalhos. Levando em consideração os anúncios recentes - dois dias para pop, uma dia para o reggae e mais uma volta do Guns N´Roses - os riscos são grandes. Afinal, por que diabos um festival que carrega rock no nome vai dedicar um dia completo ao reggae? Decisão esquisita, mas não surpreendente frente ao já citado uso do "in Rio" para um evento realizado em Portugal e na Espanha...