segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um artista incomum


Essa é uma escolha das mais difíceis, mas eu arriscaria dizer que Johnny Depp é o mais interessante dos atores em atividade. Quase que ouso mais e afirmo que ele é o melhor, mas lembrei de Philip Seymour Hoffman, Robert Downey Jr., Daniel Day Lewis, Javier Bardem e de monstros que mais nada tem para provar como Robert De Niro, Al Pacino, Dustin Hoffman e Jack Nicholson e a dúvida se instaurou. Bom, não dá mesmo para escolher um só, quem sabe um top ten? Melhor mesmo é deixar o momento "Alta Fidelidade" para depois.

Desde as escolhas pouco óbvias até a sua capacidade de encarnar os tipos mais variados, passando pela parceria interessantíssima com o cineasta Tim Burton, Johnny Depp encanta pela estranheza. Seu olhar traz uma autenticidade que cria uma cumplicidade com o público, que torce pelo seu personagem, mesmo que ele não seja politicamente correto. Depp já colocou nas telas tipos memoráveis e esquisitos até o talo como Edward Mãos de Tesoura, Ed Wood, Sweeney Todd e, claro, o tresloucado Capitao Jack Sparrow, da trilogia "Piratas do Caribe", mas também soube imprimir uma marca pessoal a personagens mais comuns como Donnie Brasco, o Gene Watson de "Tempo Esgotado" e o mais recente John Dillinger, do novo filme de Michael Mann, "Inimigos Públicos".

Na produção baseada na história real de um mítico assaltante norte-americano, que varreu os bancos na época da Grande Depressão e acabou se tornando o estopim para a criação do FBI, Depp magnetiza com uma segurança única. A companhia da grande Marion Cotillard - que entregou uma das melhores performances deste novo século em "Piaf - Um Hino ao Amor" - e o pouco convicente antagonista vivido por Christian Bale, colaboraram ainda mais para Depp brilhar intensamente. Quando juntos em cena, Depp e Cotillard exalam paixão, numa química que é um dos grandes trunfos do filme. Se não é exatamente brilhante, "Inimigos Públicos" está acima da média. Cresce muito devido ao casal protagonista, mas exibe uma gordurinha de pelo menos 20 minutos na duração. Continua, mesmo assim, merecendo uma indicação aos cinéfilos de plantão, confirmando uma questão já notória: com raras exceções, Johnny Depp se mantém como chamariz para interessantes experiências cinematográficas.

Nenhum comentário: