Um livro leve e que prende a atenção do leitor sem grandes arroubos narrativos. Esse é "O Clube do Filme" (Editora Intrínseca, R$24,90, 240 páginas), escrito por David Gilmour, crítico de cinema desempregado que vive de bicos no Canadá. Com um filho adolescente em casa, ele toma uma decisão no mínimo inusitada para um tormento que aflinge muitas famílias. Ao perceber que o garoto Jesse está completamente desmotivado com a escola, David propõe que ele simplesmente largue os estudos. Isso mesmo, abandone, e sem a obrigação de arrumar um emprego para preencher o tempo ocioso. Como era de se esperar, essa proposta acaba por atormentar o pai depois de um tempo, preocupado em não coloborar para arruinar a vida do garoto. É quando surge uma idéia original que cai como uma luva para os dois protagonistas dessa história: David sugere a Jesse que eles assistam dois filmes por semana, acompanhados por uma rápida introdução feita pelo pai e uma discussão posterior sobre a história ou algum artifício técnico. Lidando com a educação de um modo despretensioso, David acaba conseguindo aos poucos prender a atenção do rapaz e ainda provoca uma aproximação forte entre os dois.
Baseado na sua real história de vida, David acaba por cometer um pequeno, porém agradável, livro. A escrita dele pode por vezes parecer simples demais, mas é carregando na análise da sua relação com seu filho que ele acerta em cheio. Se as informações sobre os filmes que eles assistem - numa lista que vai de clássicos como "Ladrões de Bicicleta" até bombas como "Showgirls", passando por grandes filmes da Nouvelle Vague e obras importantes de cineastas como Woody Allen e Quentin Tarantino - são bem interessantes e dão um tempero a mais para os amantes da arte cinematográfica, são os conflitos de um aborrecente que mora sozinho com o pai que provocam as melhores reflexões. As desventuras amorosas de Jesse, seu envolvimento com drogas e a relação civilizada que David mantém com sua ex-mulher são como intervalos dos mais interessantes entre uma sessão de filme e outra. Mesmo sabendo que aquele pequeno cineclube não vai durar para sempre, David curte cada minuto de sua educação pouco ortodoxa e não esconde a melancolia de um pai que vê seu filho crescendo e se tornando independente. Algo inevitável, mas sempre muito sofrido para quem zela pelos seus.
Em tempo: o autor David Gilmour é apenas homônimo ao ex-vocalista e guitarrista do Pink Floyd. A foto acima não deixa dúvidas...
Um comentário:
Caraca..ele mesmo!
Se gosta muito de Pink Floyd,imperdível ouvir ao solo da música Comfortably Numb.
Uma preciosidade! Bjs
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