domingo, 1 de maio de 2011
Um grata surpresa
É praticamente um clichê falar que o ideal é não criar expectativa, pois assim dá para diminuir a possibilidade de decepção. Tudo que vier é lucro. Bom, para mim, não funciona bem assim. Geralmente, minhas expectativas são altas, potencializadas pela ansiedade para que aconteça logo ou então por amplas pesquisas sobre o tema. Acontece comigo quando se trata de programas culturais e gastronômicos, os meus favoritos. E também com o outro componente da tríade ideal: as viagens. Quando uma se anuncia no horizonte, inicio as longas pesquisas, armo roteiros e penso nos detalhes. Confesso que tenho dado sorte, com as viagens alcançando justamente a alta expectativa criada. A exceção ficou por conta da mais recente, na Semana Santa. Destino? Bogotá, capital da ainda pouco conhecida Colômbia (ao menos no Brasil). A diferença? Bem, Bogotá superou (e muito) as minhas expectativas, desta vez não tão altas. Explico: mesmo ouvindo os mais diversos elogios dos poucos amigos que já conheciam a Colômbia, não estava tão seguro do que encontrar pela frente. Na minha cabeça estava algo entre a pouco apetitosa Caracas e a interessantíssima Havana. As pesquisas na Internet, que muito me ajudaram a montar o roteiro, não eram tão precisas e as fotos que vi nem sempre eram da melhor qualidade. Reinava, então, o ponto de interrogação, que só aguçava a minha curiosidade.
Pois então, parti de coração aberto rumo a Bogotá, numa quinta-feira santa. Não precisei de mais de 20 minutos (o caminho do aeroporto para o hotel) para me entregar a capital colombiana. Do táxi, vi uma cidade arrumada desde os arredores do aeroporto, região que geralmente não é digna de muito elogio nas grandes capitais. A cada quarteirão, a metrópole me impressionava com setores modernos, alguns outros bem tradicionais e outros chiques, com "cara de primeiro mundo". Tudo limpo, civilizado, rodeado de árvores e deixando uma certeira sensação de segurança. Numa pergunta rápida para aqueles que não conhecem a Colômbia, a avaliação provavelmente seria contrária. Falariam que a cidade é perigosa por conta do tráfico de drogas, caótica como muitas cidades latino-americanas e suja. Pois Bogotá é exemplo entre as capitais do nosso continente, agora tenho segurança para falar.
A arquitetura de Bogotá é um destaque à parte. As casas e edifícios baixos de tijolinhos, com aquela cor característica mezzo alaranjada, só ajudam a criar o clima sofisticado, especialmente em áreas como o Parque da 93 e a Zona Rosa. A temperatura sempre amena - quase o ano todo entre 13 e 18 graus - é a ideal para esse baiano que vos fala. Sim, sou baiano, mas não gosto mesmo de calor. Os vários parques distribuídos pela cidade são bem cuidados e frequentados. Caminhar é uma opção indicadíssima. Mesmo de noite (ao menos na região mais turística), andar nas ruas não é perigoso. Não me senti ameaçado em nenhum momento. Muito pelo contrário, me senti acolhido pelo orgulhoso povo colombiano.
Aliás, essa foi uma das coisas que mais me impressionou: a educação e boa vontade dos bogotanos. Todos são muito solícitos e quase lhe pegam pelo braço para ajudar. Gostam da noite, frequentam bares e valorizam muito a cultura. Parecem ter muito orgulho da Colômbia, num esforço conjunto para mudar a imagem do país. E estão fazendo isso aos poucos, mas com consistência, se preparando bem para receber os visitantes. Se Bogotá já é um destino interessantíssimo, em conjunto com outras localidades, como Cartagena e San Andrés, pode formar uma viagem inesquecível. E se você gosta de comer bem, a capital colombiana é também uma excelente opção. Pensando na América do Sul, não chega ao patamar da imbatível Lima, mas até nisso eles dão um jeitinho. A quantidade de restaurantes peruanos - inclusive Astrid y Gastón e La Mar, ambos do superchef Gastón Acúrio - surpreende. Mas claro que há destacados restaurantes típicos, além de internacionais de qualidade superior. E o melhor: com ótimos preços. Para uma refeição do mesmo nível dos principais restaurantes de São Paulo, paga-se a metade. Só não é mais barato que táxi. Para atravessar Bogotá de ponta a ponta, basta desembolsar entre 15 e 20 reais. Não raro, a conta dava entre 5 e 8 reais. Uma pechincha.
Pois então, se você quer fazer uma viagem dentro do continente, quer gastar pouco e receber muito de volta, escolha Bogotá sem medo. Os passeios são muitos e a diversão é garantida. Seguro que sí!
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