sábado, 4 de junho de 2011

A volta dos mutantes



Não há história em quadrinhos (de super-herói) com a profundidade do X-Men. Quando se imaginava que a série estava desgastada no cinema, após um terceiro filme inferior e um pouco elogiado capÍtulo dedicado a Wolverine, o estúdio Fox reinventou a saga em grande estilo. Para isso, convocou o diretor dos dois primeiros e excelentes X-Men, Bryan Singer, para colaborar com o roteiro. E contratou o não tão experiente diretor Matthew Vaughn para dar frescor a um filme que narra como surgiu o grupo dos mutantes, "X-Men: Primeira Classe".

E tudo funciona perfeitamente bem, perigando ser esse o melhor exemplar destes fantásticos heróis da Marvel. Costurando o enredo fictício com momentos dramáticos da História mundial, como a 2a Guerra Mundial e a Crise dos Mísseis de Cuba, o filme é inventivo e divertido. Como é comum quando se trata do grupo mais atormentado dos quadrinhos, é discutido, com relativa profundidade, temas como preconceito, raiva e vingança. É possível substituir os mutantes por qualquer grupo que sofre preconceito, como os negros, os judeus, os gays. A essência é a mesma e a intolerância salta latente aos olhos.

Neste primeiro filme de uma possível nova trilogia, entendemos o que motivou Magneto a se tornar um violento combatente dos humanos; percebemos como surgiu a amizade entre Magneto e Professor Xavier - e como ela ficou abalada; observamos a criação dos X-Men e a relação do grupo com a CIA; e vemos alguns dos mutantes no início da trajetória, aprendendo a controlar seus poderes. Nem sempre com extrema fidelidade às HQs, mas sempre com muita coerência com o próprio filme. Não há pontas soltas. Para os fanáticos por ação, esse é um filme mais pautado pelos diálogos e roteiros, mas ainda assim há cenas eletrizantes. O elenco jovem dá o gás que a série pedia, com destaque para James McAvoy, Michael Fassbender e Jennifer Lawrence.

Em "X-Men: Primeira Classe" fica ainda mais claro que a linha que separa os heróis dos vilões é muito tênue. Como não entender as motivações de Magneto? Serão mesmo tão menos nobres que o discurso pacifista de Xavier? Como Malcom X e Martin Luther King, eles duelam com as armas que lhe cabem, sempre em busca da aceitação pela sociedade. Darão pano para manga para mais capítulos. E que venham, pois, as próximas etapas dessa história atemporal.

Nenhum comentário: