sexta-feira, 26 de março de 2010

Um thriller sueco


Ser jornalista e trabalhar com vários outros da mesma classe permite um intercâmbio de dicas de todo o tipo, especialmente as culturais (no meu caso). Lógico, existem pessoas das mais diversas formações que são interessantes fornecedoras, mas os jornalistas têm necessidade latente de indicar objetos culturais. Essa é uma das coisas que mais sinto falta dos tempos da redação de jornal. Por trabalhar em um caderno de cultura, alimentava essa minha ânsia em descobrir coisas novas com grandes jornalistas da área. Músicas, filmes, livros e quadrinhos aos borbotões. No meu novo trabalho, porém, fui surpreendido com outras cabeças pensantes e o troca-troca de dicas culturais não foi tão prejudicado. Adoro apresentar coisas novas para quem de fato se interessa e tenho imenso prazer em receber indicações de quem confio.

Uma das mais recentes foi a série Millenium, do sueco Stieg Larsson. Mesmo carregando a pecha de best-seller, o que acende o radar da desconfiança, a trilogia foge de soluções fáceis e oferece um emaranhado que mistura jornalismo, crime, suspense e mundo financeiro. Comprei a caixa completa, mas até o momento só li "Os Homens que Não Amavam as Mulheres", o primeiro deles. Na realidade, devorei. As mais de 522 páginas foram consumidas em apenas quatro dias, muito por conta de uma longa viagem de avião - momento ideal para ler um bom livro. Com um personagem principal fortíssimo, o atormentado jornalista Mikael Blomkvist, e uma figura feminina das mais inusitadas, a esquisita investigadora e hacker Lisbeth Salander, "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" tem ritmo vertiginoso e vários personagens complexos e misteriosos.

Ambientado na Suécia do autor Stieg Larsson, a obra aproveita com precisão o clima frio e o bucolismo do interior escandinavo para criar um clima noir bem propício ao thriller. Condenado a prisão por suposta difamação a um marajá sueco - difamação esta realizada por meio de sua revista investigativa Millenium - Blomkvist é contratado por outro grande empresário para resolver um enigma. Ele deve descobrir o que aconteceu com a desaparecida Harriet Vanger, sobrinha do seu novo patrão Henrik. Para disfarçar o trabalho aparentemente absurdo (40 anos se passaram), ele deve escrever a biografia da endiabrada família Vanger. Partindo de mala e cuia para a inóspita ilha onde os Vanger vivem, Blomkvist vai passar pelas mais bizarras situações. Um livro forte, daqueles que prendem a atenção e nos deixam com um gosto de quero mais. Bom, terei esse gostinho com os outros dois livros da série, mas, infelizmente, não passará disso, pois o autor morreu logo depois de completar a trilogia. Ironicamente, sem recolher os louros de sua famosa obra.

* Em tempo: "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" ganhou uma versão para o cinema, na sua terra natal. A indústria de Hollywood, entretanto, já prometeu lançar a versão deles.

3 comentários:

Paulo Sales disse...

Léo, depois dê uma olhada no blog de Paulo Nogueira. Ele é correspondente da Época e escreve coisas muito legais, inclusive sobre esse cara, Larsson, e sua obra póstuma. Parece que virou uma obsessão para ele, que foi até a Suécia para desvendar o que existe por trás desse best-seller. Há alguns posts sobre o autor e sua obra, e Paulo escreve muito bem, seu texto é excelente, vale a pena conferir. O link é http://colunas.epoca.globo.com/pelomundo
Grande abraço, meu velho
P.

Leo Maia disse...

Valeu pela dica PSales! Tenho entrado sempre no seu blog, mas geralmente nos intervalos do trabalho. Como a rede da empresa bloqueia comentários em blogs (não vejo muito sentido em liberar o acesso ao blog e bloquear a possibilidade de comentar), não tenho escrito por lá. Abração!

Paulo Sales disse...

Valeu, Leozão. O que vale é a intenção. Continue aparecendo por lá. Sempre passo por aqui também, principalmente pra ler os posts sobre viagens. Quando aparecer, avise pra gente marcar uma cervejinha
abração