sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A marca de Tarantino


Não canso de rever "Pulp Fiction", obra-prima pop do grande Quentin Tarantino. Foi com esse filme que eu - e boa parte dos seus fãs - mergulhei de vez na cinematografia do cineasta americano, retrocedendo, inclusive, para conhecer o ótimo "Cães de Aluguel". Dos seus filmes - sempre bons, mas nem sempre espetaculares - só não vi a parte que lhe pertence na parceria com Robert Rodriguez, o "Death Proof". Erro que pretendo corrigir logo, por sinal. Semana passada, fui ver "Bastardos Inglórios", novo petardo de Tarantino, que traz o galã (que hoje faz de tudo para se enfeiar) Brad Pitt entre os principais personagens.

Está tudo lá: violência desenfreada, diálogos cortantes, personagens bizarros, elenco afinado, trilha sonora cuidadosamente pincelada. A grife Tarantino é facilmente percebida e isso chegou a levantar algumas críticas de meios especializados. Chamam de mais do mesmo, falta de inovação e sugerem até mesmo uma limitação criativa deste que é um dos melhores diretores que surgiram nos anos 90. Bom, eu não sei quanto a estes críticos, mas o que eu espero ao ver um filme de Tarantino é justamente que traga o que o ele sabe fazer de melhor. Guardando as devidas proporções, é o que acontece com o genial Alfred Hitchcock. Em sua extensa filmografia, são poucos os filmes que não trazem o estilo hitchcockiano impresso em cada cena.

Sátira inteligente e propositadamente exagerada do período do nazismo - mais especificamente da França ocupada pelos seguidores de Hitler -, "Bastardos Inglórios" é uma obra divertida e movimentada, que carece talvez de um roteiro mais elaborado, para complementar os espertos diálogos. No ranking tarantiniano, eu colocaria este novo filme no nível de "Jackie Brown". Ainda bem bom, mas sem a excelência dos já citados "Cães de Aluguel"e "Pulp Ficton" e da série "Kill Bill". O que há de melhor no filme é a gangue dos Bastardos Inglórios que dá título à obra, com destaque para o Tenente Aldo Raine (Brad Pitt) e o Sargento Donny Donowitz (Eli Roth, amigo de Tarantino, que também é diretor). Só quem se sobressai a todos é o Coronel Hans Landa (Christoph Waltz, ganhador do prêmio de Melhor Ator em Cannes). Oficial alemão poliglota, Landa é implacável e carrega uma frieza notável. Prova disso é a primorosa sequência inicial, quando o oficial faz uma busca por judeus em um rancho no interior da França. Com uma lábia envolvente, o coronel acaba por realizar o seu "trabalho", fazendo jus a fama de caçador de judeus. É bem mais assustador que o caricato Hitler de "Bastardos Inglórios". Fato aliás, compreensível, afinal depois do Hitler de Bruno Ganz em "A Queda - As Últimas Horas de Hitler", todas as reencarnações do líder nazista vão parecer pouco convicentes.

Um comentário:

Ewerton Castro disse...

Leo,
seus posts estão cada vez melhores. Parabéns!!

Nos brindando sempre com comentários precisos e divertidos você trata de cultura, arte e entretenimento como ninguém.

Como diria uma grade conhecida de Luke Maia, SAUDADE IMENSA DE VOCÊ!!!

E se por acaso, no meio de suas andanças por esse mundão de Deus resolver fazer um pit-stop por Salvador, vou ficar muito contente em te encontrar para saborear uma Bohemia bem gelada.

Grande Abraço!

p.s: falando em pit-stop, afinal quem foi o pé frio dessa vez, você ou Magno??? hehehe Vou proibir os senhores de comparecer no GP Brasil. ;-)