segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Do You Want To?


O Franz Ferdinand é uma das bandas mais honestas da atualidade. Seus três CDs de estúdio são equilibrados em qualidade, todos eles bem acima da média. Os shows do grupo são explosivos por onde quer que eles passem, seja no gigantesco palco do festival Glastonbury, seja num inferninho para 500 pessoas, onde eles continuam tocando mesmo após se tornarem uma das principais bandas do mundo. Seus integrantes não se metem em confusão, porém tampouco são nerds completos. No palco, despejam doses generosas de energia, com seu rock dançante dos mais empolgantes. São conhecidos também pelo nível cultural destacado, a começar pelo vocalista Alex Kapranos, que mantinha uma coluna no prestigiado jornal The Guardian sobre culinária e já lançou, inclusive, um livro sobre o assunto - o ótimo "Mordidas Sonoras", que tem um capítulo dedicado ao Rio de Janeiro.

Fora isso, os caras aparentemente gostam muito do Brasil. A primeira vez que eles apareceram por aqui foi no início de 2006, quando fizeram o show de abertura para o U2. Com apenas um disco a tiracolo e num ambiente onde só o que importava para os presentes era mesmo a banda de Bono e cia, o Franz Ferdinand cumpriu o seu papel com dignidade. Não demorou muito, porém, para eles voltarem como headliners do então interessante festival Motomix, em SP, e para um show no mítico Circo Voador, no Rio. Já com o segundo disco na pista e apenas sete meses após a estréia em terras brasileiras, eles impressionaram pela energia e entrega, conquistando ainda mais fãs e consolidando o interesse de admiradores como eu.

Semana passada, com o terceiro disco bombando, eles foram convidados pela MTV brasileira para tocarem no VMB e foram aproveitados pela Smirnoff para uma festa quase particular, com apenas 500 ingressos pagantes e pouco mais de 500 promocionais. Ouve muita reclamação dos fãs órfãos de ingressos, mas esses escoceses não dão ponto sem nó e trataram logo de anunciar um retorno ao Brasil para quatro shows, em março de 2010.

Tendo em vista o que foi apresentado para uma platéia reduzida na quarta passada, na The Week, em São Paulo, os fãs podem esperar um grande show no ano que vem. Bem, o ingresso para a apresentação privê não foi barato e eu poderia não comprar caso soubesse da vindoura turnê. Arrependimento? Nenhum, afinal ver uma das suas bandas favoritas num palco pequeno e bem próximo, em local fechado, é uma experiência única - bem rara no Brasil. É quase como assistí-los na Escócia natal, com um público íntimo com o repertório e bem barulhento. Revezando de modo eficiente os hits dos três álbuns e se dando ao luxo de uma longa sessão de oito minutos para "Lucid Dreams", O Franz Ferdinand tocou como se estivesse em um estádio. O guitarrista Nick McCarthy fez questão de lembrar, entretanto, que a história era mais intimista, e tratou de escalar a escadaria lateral e se jogar na platéia com guitarra e tudo. Nada forçado, completamente rock'n'roll. Um show de 1h30 com gostinho de quero mais, que possivelmente será mais extenso em março do ano que vem. Se eu vou? Claro, podem me procurar por lá.

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