quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
A arte de servir bem
Eu já gostava muito de comer em restaurantes, mas a minha mudança para São Paulo só potencializou esse costume. Aqui não tenho a comidinha caseira da mamãe e a oferta é tentadora demais. Mantenho uma lista com dezenas de restaurantes a visitar, na realidade apenas um extrato de todos que queria conhecer. Afinal, é impossível visitarr tudo: primeiro porque é caro, segundo porque toda semana aparecem novidades. Isso fora o fato de que algumas ótimas casas não chegam à fama; só garimpando mesmo para descobrir. Parcimônia nesse caso é ótimo para o bolso e para o peso. Todo cuidado é pouco para não engordar e empobrecer nesse mundo de delícias.
Se aqui em São Paulo eu descobri alguns dos meus restaurantes favoritos, também tive algumas experiências maravilhosas no exterior. No topo da lista está o Peru, país com culinária cheia de personalidade e invariavelmente boa. Tem que pesquisar muito para comer mal em Lima. Portugal, Espanha, New Orleans... Comi bem em todos esses lugares e em muitos outros. Mas foi em um restaurante de Buenos Aires que tive uma das melhores experiências gastronômicas. Situado em um dos bairros mais turísticos da cidade, Puerto Madero, o restaurante Chila é um exemplo de programa completo. Serviço impecável, recheado de gentilezas; ótima comida; ambiente refinado, com bela vista; e preço justíssimo, quando comparado aos valores exagerados praticados em São Paulo. Não à toa, foi escolhido como o melhor restaurante argentino de 2008 e sua chef, Maria Soledad Nardelli, conquistou em 2010 o prêmio "Chef del Futuro", entregue em Paris.
O que faz do Chila um restaurante tão especial? Para começar, parece que você é atendido não por um garçom comum, mas sim por um dos donos da casa. A sensação é que fecharam o restaurante para você e o dono se dispõe a explicar detalhadamente tudo que você quer saber, dando 100% de atenção. A segurança, fluidez e simpatia dos atendentes parecem inspirados em um três estrelas do Michelin (não, nunca fui a um mega estrelado do Michelin, isso é tudo suposição). O tratamento é tão vip que todos os clientes recebem "brindes" especiais da chef. Na minha vez, recebi uma entrada, um espumante gentilmente oferecido para acompanhar as ostras que pedi como aperitivo e uma sobremesa. Isso fora a bandeja com vários chocolates espetaculares que vêm junto com o café. Tudo elaborado com esmero, assim como os pães feitos no próprio restaurante e os pratos muito bem apresentados e deliciosos. Comida contemporânea da melhor qualidade. E melhor: bem servido. Não estou falando de prato de peão, não me entendam mal, mas simplesmente não admito pagar caro e sair com fome. Isso para mim não é elegância, mas sim metidez ao extremo. Comer bem e ficar satisfeito, quer algo melhor? Outro ponto a favor do Chila é que os garçons têm opinião para tudo. Não se metem se não são chamados, mas aconselham os clientes com precisão se indagados. Está em dúvida entre dois pratos? O seu chef particular vai opinar com argumentos diretos, quase técnicos, que você interpreta de acordo com os seus desejos. Feito na medida para parecer exclusivo. Não tenho dúvida que na minha próxima ida a Buenos Aires, o Chila será parada obrigatória!
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