quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Fragmentos de outros tempos
Um dia desses uma prima me disse que eu tenho uma alma velha. Não falou no mal sentido, ao contrário, deu um tom carinhoso à questão de que as coisas que mais gosto são de outros tempos que não o atual. Lembrei então que houve um período na minha adolescência que eu me angustiava por um tempo que não tinha vivido. Achava que teria sido melhor viver a flor da idade nos anos 70, chegando próximo dos 30 na década de 80. Obviamente, era só um surto bobo de teenager.
Não tenho a alma tão velha assim, pensando melhor. A questão é que uma parte relevante da minha personalidade é formada por fragmentos de décadas passadas. Ainda assim, eu também sou da era da informática, acho o fenômeno das mídias sociais algo genial e adoro as facilidades da vida moderna. No jornal onde trabalhei até três anos atrás, um amigo me chamava de "menino pop". Ou seja, a depender do ponto de vista, pareço ter nascido na era certa sim. Nesta faceta de alma velha está principalmente o lado musical. As bandas que mais gosto são da década de 60 e 70. E geralmente as bandas mais novas que mais me atraem emulam sons das antigas. Sempre curti cinema antigo e, mesmo que não seja exatamente disciplinado, tenho uma série de clássicos na lista para ver. Os restaurantes, bares e afins que adotam decoração dos anos 50, 60 ou até mesmo 70, me ganham de cara, na chegada. O glamour e a estética pop dessas décadas são incomparáveis. Por fim, não me envergonho de participar dos movimentos nostálgicos que são comuns atualmente. Claro, tudo com bom gosto.
Nesta história toda entra também a questão de que amadureci mais cedo. Não falo com um orgulho bobo, mas como uma constatação da minha maneira de ser. Acho que nunca fui um adolescente frívolo, posso ter até agido como tal, para me encaixar nas galeras, mas nunca quis ser isso. Sempre me irritou - como ainda me irrita - os adolescentes barulhentos, arruaçeiros e que fazem de tudo para chamar atenção. E não achem que eu era o garoto chato da turma, que sentava isolado na sala de aula. Sempre tive muitos amigos, que por vezes me achavam um pouco sério, mas que reconheciam em mim um bom companheiro. Nunca fui o mais popular, porém isso não me deixava mais ou menos feliz. E olhem que eu sempre fui um farrista de marca maior. A vontade de sair todos os dias só era aplacada pela necessidade de guardar dinheiro. Sou rueiro, como dizem por aí. Outro indício desse amadurecimento precoce influenciou diretamente na escolha da minha profissão. Desde muito novo, logo depois de aprender a ler, eu já me interessava por jornais. Estar por dentro de tudo era (e ainda é) uma marca da minha personalidade curiosa.
Sabem do que mais? Talvez essa história de ter uma pitada de nostalgia, carregando traços do passado com o que há de melhor no presente, é o que me faz mais feliz. Velho ou novo, sou o que sou. Cheio de dúvidas, porém seguindo em frente.
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3 comentários:
Nada como o amadurecimento para se conhecer melhor e se aceitar com suas qualidades e defeitos...
Só que no seu caso muito mais qualidades!
Muito interessante Leo.
Abraço,
André Carvalho
Boa, Leozinho! Amei a descrição... Autoconhecimento fantástico!!! PARABÉNS!!!
Bjinhus,
Myl (sua fã!).
Fica com Deus!!!
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