sábado, 10 de abril de 2010

Animação para todos



Tenho que respeitar a opinião dos outros, eu sei, mas acho que aqueles que não curtem os filmes de animação são deveras preconceituosos. Não gostar de um específico, ok, mas simplesmente não suportar o gênero me parece má vontade. Longe dos desenhos que víamos no intervalo do Xou da Xuxa, as animações atuais são sofisticadas, trazem histórias por vezes maduras e por outras engraçadas e chegaram num nível técnico impressionante. Na ponta, a Pixar/Disney e a Dreamworks, que se tornaram mestres nesta arte. A qualidade atual e o preconceito que existe por parte de alguns encontra paralelo com o mundo dos quadrinhos. Ainda que nos segmentos dos heróis e dos comic books mais simples que encontramos nas bancas existam coisas bacanas, é no gênero das chamadas graphic novels que se encontram as verdadeiras pérolas. Literatura acompanhada de desenho da maior qualidade.

Voltando às animações, está em cartaz nos cinemas de todo o país o excelente "Como Treinar Seu Dragão", da Dreamworks (mesmo estúdio da série "Shrek" e de "Madagascar"). Trazendo a fantasia que é característica aos filmes do gênero, "Como Treinar Seu Dragão" tem uma dose extra de pimenta, com alguma maldade e até mesmo violência. Tudo dosado para agradar os adultos e não assustar demais as crianças. O herói é um garoto chamado Soluço, que passa longe de ser infalível e não sairá ileso das aventuras na ilha onde mora. A aldeia viking onde o pai de Soluço é o líder maior é frequentemente atacada por dragões e vive praticamente em função deles. Dragões dos mais diversos tipos, que fazem vôos razantes e cospem fogo por todos os lados. A obsessão é tanta que os mais novos (e aptos) passam por rigorosos testes para enfrentar os temidos animais. Não fazer parte do grupo dos caçadores é uma prova de fraqueza. Como é de se imaginar, Soluço não é o exemplo de guerreiro, mas acabará sendo o responsável por uma grande reviravolta. Ele, meio que por acaso, aprenderá a domar os dragões.

As cenas que ilustram essa descoberta estão, sem dúvida, entre as mais divertidas do filme. Mas são os vôos razantes que Soluço empreende em cima do temido dragão Fúria da Noite que representam os mais fantásticos momentos. Com o artifício do 3D, essas passagens ganham ainda mais em emoção. No IMAX de São Paulo, onde vi o filme, o resultado é ainda melhor. Tudo bem que pode se pensar que é mais um filme que embarca na onda da terceira dimensão, mas dá para dizer que essa é a animação que melhor soube utilizar o artifício até hoje. "Como Treinar Seu Dragão" entrega uma quase constatação: se ainda vai demorar um tanto para todos os filmes serem em 3D (até porque é uma técnica que não combina tanto com dramas e romances), vai ser difícil realizar animações que não adotem a tecnologia da moda.

Um comentário:

Cinthya disse...

Concordo que a grande maioria das animações da Dreamworks e da Disney/Pixar podem ser destacadas pelo ótimo contexto que possuem trazendo grandes lições de moral. Além do mais, o que interessa para o grande público é a diversão que aquela produção proporciona, com uma dose considerável de pura ação (acentuada pelo artifício do 3D).

"Como Treinar Seu Dragão" mostra que de alguma forma as aparências enganam, que nem tudo é exatamente como parece ser e que os desacreditados também podem descobrir-se como grandes heróis.

O interessante é que os contos infantis que conhecemos hoje como “Chapeuzinho Vermelho” e “A Bela Adormecida” eram histórias populares orais contadas para adultos nos séculos XII ao XV e que somente no século XVII foram escritos por Charles Perraut sob o título de literatura infantil na intenção de demonstrar valores morais que deveriam ser aprendidos e apreendidos pelas crianças. Isso eu aprendi na faculdade.

Voltando ao filme “Como Treinar Seu Dragão”, eu adorei. Mas sou suspeita em falar porque sou viciada em cinema. Já fui ao cinema várias vezes assistir o mesmo filme. Pretendo assistir brevemente “Chico Xavier”, não só pela história, mas pela produção cinematográfica que parece ser de muita qualidade. Será que o Leo Maia irá comentá-lo?

Grande abraço,
Cinthya Drummond.