quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Os discos nacionais da década

Confesso que escuto muito mais música internacional que música brasileira. Isso não significa, entretanto, que o que é feito no nosso país não tenha qualidade. Tem muita, mas minha discografia pende mais para o exterior, por gosto, afinidade, influência, costume; não sei bem ao certo. Do que melhor se faz por essas terras, curto muito o rock alternativo baiano e brasileiro, alguns artistas chegados ao mainstream (Los Hermanos, Nação Zumbi, Vanessa da Mata, Pato Fu, etc), medalhões (lista extensa, que vai de Jobim a Caetano, passando por Chico, Ben Jor, Bethânia...) e por aí vai. Nesta década, 15 artistas fizeram minha cabeça - aqui vão eles, com seus respectivos discos:

Arnaldo Antunes - Iê Iê Iê (2009)



Arnaldo geralmente não decepciona com seus álbuns de estúdio e com os sempre bem elaborados shows que apresenta. Em 2009, porém, ele surpreendeu com o melhor álbum desde que saiu do Titãs. Iê Iê Iê, como o nome entrega, é para cima, traz ótimos rocks e renova o interesse pelo trabalho do artista paulista.

Caetano Veloso - Cê (2006)



Fazendo jus à fama de que nunca pára quieto e que sempre se renova, Caetano se juntou a três garotos e entregou um álbum que tem alma indie, mas ainda assim não perde a cara do baiano. Com cheiro de sexo e suor, "Cê" é polêmico e colocou Caê numa nova rota, bem mais jovial.

Carlinhos Brown - A Gente Ainda Não Sonhou (2007)



Exímio percussionista, letrista inventivo e criador da Timbalada, Carlinhos Brown também leva uma carreira solo das mais interessantes. Na década de 90, lançou dois ótimos discos, "Alfagamabetizado" (1996) e "Omelete Man" (1998), e nos anos 2000, lançou o vibrante "A Gente Ainda Não Sonhou", que traz a mistura de ritmos que lhe é peculiar, com muita percussão.

Cascadura - Bogary (2006)



A guinada que o Cascadura deu a partir do ótimo "Vivendo em Grande Estilo" (2004), deixando o rock setentista um pouco de lado e incorporando influências mais contemporâneas como Muse e Queens of The Stone Age, colocou o grupo na linha de frente do rock baiano. Com a porrada de "Bogary", o Casca apresenta o que o rock baiano tem de melhor.
** Menção honrosa da mesma banda: Vivendo em Grande Estilo (2004).

Cidadão Instigado - Cidadão Instigado e o Método Tufo de Experiências (2005)



Não é de se surpreender quando alguém classifica a banda de Fernando Catatau como estranha. É de fato bem esquisita, original e surpreendente. Juntando brega, psicodelia, guitarras inventivas e indie rock, o Cidadão Instigado lançou alguns bons discos nesse década, o melhor deles sendo "O Método Tufo de Experiências".
** Menção honrosa da mesma banda: Uhuuu (2009).

Little Joy - Little Joy (2008)



Alguns podem até discutir se esse é um disco brasileiro ou não, mas quem viu algum show do Little Joy sabe que o protagonista deste projeto é mesmo Rodrigo Amarante, (ex?)-Los Hermanos. Com uma sonoridade, digamos, mais californiana, a estréia do grupo que tem ainda Fabrizio Moretti (do Strokes) como integrante, é uma grata (e solar) surpresa.

Los Hermanos - Bloco do Eu Sozinho (2001)



Disco responsável pela conquista de uma legião de fãs fiéis, o "Bloco do Eu Sozinho" se afasta completamente da estréia do Los Hermanos, que trazia o maior hit da banda até hoje, a batida "Anna Júlia". O "Bloco" é maduro, traz excelentes letras da dupla Camelo-Amarente, um primoroso trabalho de sopro e grandes canções como "A Flor", "Retrato pra Iaiá" e "Sentimental".
** Menção honrosa da mesma banda: Ventura (2003).

Marcelo D2 - À Procura da Batida Perfeita (2003)



Nunca fui grande fã do Planet Hemp, mas devo confessar que Marcelo D2 acerto em cheio com "À Procura da Batida Perfeita", disco que marcou o ano de 2003. Misturando hip hop com rock e samba, D2 quase encontra a tal batida perfeita. Pena que nos discos seguintes tenha desgastado demais a fórmula.

Mombojó - Nadadenovo (2004)



Alcançando um interessante grau de lirismo, os pernambucanos do Mombojó estreiaram com um disco redondinho, bem tocado, com letras interessantes e de fácil assimilação. E melhor: fugiram do mangue beat, mostrando que Pernambuco também tem bandas boas que não rezam a cartilha de Chico Science.

Mutantes - Mutantes Ao Vivo - Brabican theater, Lindres 2006 (2006)



Foi por um fugaz momento, mas os irmãos Baptista se reuniram e despejaram magia em Londres em um CD/DVD que fez jus à trajetória brilhante do talvez melhor grupo de rock que o Brasil já teve. Rolaram mais alguns shows, mas logo Arnaldo largou a banda, levando consigo a convidada Zélia Duncan. Sérgio Dias, desde então, mantém o Mutantes na ativa.

Nação Zumbi - Fome de Tudo (2007)



Depois da morte de Chico Science, a Nação Zumbi demorou um pouco para encontrar seu rumo. Se "Futura" (2005) os colocou novamente na rota, foi "Fome de Tudo" que fez os fãs enterrarem de vez o antigo vocalista. Jorge du Peixe enfim achou o tom correto, Lúcio Maia continuou destruindo na guitarra e a percussão voltou a explodir como nos bons tempos.
** Menção honrosa da mesma banda: Futura (2005).

Retrofoguetes - Chachachá (2009)



Não há dúvida que a banda baiana Retrofoguetes destrói mesmo é no palco, com performances matadoras de Morotó (guitarra), CH (baixo) e Rex (bateria). Difícil batê-los. Mas em disco, os caras também mandam bem, como no recente "Chachachá", que vai do tango a valsa, passando pela surf music. Bem mais coeso que a estréia, "Chachachá" é uma aula da boa música instrumental.
** Menção honrosa da mesma banda: Ativar Retrofoguetes! (2003).

Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta - Frascos Comprimidos Compressas (2009)



Difícil escolher entre o primeiro e o segundo álbum do grupo Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta. Não menos que excelentes, os discos equilibram o inventivo instrumental dos Ladrões com a poesia e entrega do vocalista e letrista Ronei Jorge. Melhor produzido que o primeiro, "Frascos Comprimidos Compressas" leva o título por ser ainda mais "brasileiro" que o début.
** Menção honrosa da mesma banda: Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta (2005).

Vanessa da Mata - Sim (2007)



Depois de trabalhos apenas razoáveis e um tanto quanto irregulares, Vanessa da Mata acertou em cheio com "Sim". Para além da propalada parceria com Ben Harper em "Boa Sorte/Good Luck", o disco tem uma levada deliciosa, com boas baladas e algumas ótimas canções mais chegadas ao reggae, fruto da colaboração com os jamaicanos Sly e Robbie.

Zeferina Bomba - Noisecoregroovecocoenvenenado (2006)



Porrada sonora dos paraibanos da Zefirina Bomba, "Noisecoregroovecocoenvenenado" é um disco curto, direto. Punk nordestino da melhor estirpe, o disco é levado por uma viola caipira distorcida, o que imprime uma aura ainda mais garageira ao grupo.

2 comentários:

Salvatore disse...

Bela seleção, Leo! Sobretudo pela inclusãdo do Bloco do Eu Sozinho - tenho especial simpatia pelo disco.

tarcisio buenas disse...

hey man, gostei das duas listas. me identifico mais com a gringa, que não deve ser nenhuma surpresa pra você.

como você mesmo disse ser uma lista com o emocional falando mais alto, não tenho o que questionar.

abs e longa vida.