quinta-feira, 12 de novembro de 2009

No rastro da informação


Já se passaram dois anos desde que abandonei a redação do jornal Correio da Bahia e passei a me dedicar a área da Comunicação Corporativa. Cada vez mais, percebo que fiz a escolha certa e não me arrependo de um único passo. Algo que é notável para uma pessoa sempre cheia de dúvida como eu e que adora um arrependimento de caju em caju. Não deixo, porém, de olhar com certa nostalgia para alguns dos textos que escrevia no caderno de Cultura do Correio da Bahia, que guardo em uma pasta lá no fundo armário. Por dois anos, muito aprendi. Como era prazeroso escrever sobre música, cinema, literatura e quadrinhos. Desenvolvi meu texto, aprendi a moldar uma certa cara-de-pau, entrevistei artistas que sempre admirei e mantive-me sempre antenado com as novidades do mundo cultural. No Correio, também fiz amizades que levarei para sempre, especialmente entre meus colegas do Folha da Bahia.

Depois desses 24 meses, posso dizer que não sou mais tão informado sobre música e cinema como antes. Entretanto, acredito que me mantenho acima da média, mesmo que sem o contato antecipado com as tendências e com o que importa nesse meio. É natural, afinal o foco do meu trabalho hoje é outro. Não deixo, porém, de ir ao cinema, de comprar CDs, DVDs e livros, de frequentar os principais festivais de música e de ler bastante. Não perdi, pois, um hábito que levo comigo há anos, que é ler sobre cultura, especialmente música. É uma maneira de prosseguir razoavelmente informado. Em minhas viagens recentes ao exterior, sempre adquiro algumas boas revistas inglesas e americanas, sempre muito caras no Brasil.

No momento, nosso país está relativamente bem servido na área. Se a Bizz não existe mais, a Rolling Stone ocupou o espaço com vigor e outra publicação internacional acaba de chegar para enfrentá-la: a tradicional Billboard. Há espaço sim para as duas, pois os focos são levemente diferenciados. Enquanto a RS foca no mundo pop e trata também de celebridades, política, moda e comportamento, a Billboard é quase que exclusivamente música, só que passenado pelos mais diversos gêneros- até mesmo pagode, sertanejo e outros estilos de gosto duvidoso.

A Rolling Stone comemorou 3 anos de Brasil com uma edição especial com as 100 maiores músicas brasileiras da história. Lista equilibrada, encabeçada pela vigorosa "Construção", de Chico Buarque. Dominam a lista medalhões como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Caetano Veloso e Tim Maia, com poucos representantes da safra mais recente. Na edição de estréia, a Billboard estampou o mais popular dos artistas brasileiros na capa, o rei Roberto Carlos. As matérias, em geral, são equilibradas, mesmo que pouco inventivas. O que salta aos olhos mesmo são as listas das paradas de sucesso em várias partes do mundo e no Brasil, com cortes específicos nos principais estados brasileiros. Vale uma curiosa olhada, para perceber como o axé ainda é forte na Bahia e como o sertanejo domina os estados mais centrais. Em São Paulo e no Rio reza uma cartilha mais diversificada e chegada ao internacional. Entre as matérias, a que mais me saltou aos olhos foi a sobre os 30 anos do punk no Brasil. Boa materia que me fez lembrar de um dos melhores livros sobre música que já li, o intenso e inventivo "Mate-me Por Favor" ("Please Kill Me"), que reúne a história do punk (e o que veio logo antes dele) nas declarações daqueles que participaram do movimento. Para ler e guardar.

2 comentários:

Rounds disse...

mate-me por favor é uma espécie de bíblia do punk - adoro!

você não imagina a falta que a bizz me faz!

mas tudo bem, a rs é ok. não li ainda a billboard.

abs

Anônimo disse...

Caro Léo, seus textos são ótimos. Esse ficou bem legal. Abraço.