domingo, 17 de outubro de 2010
Os altos e baixos do SWU
Trazendo de volta a tradição dos grandes festivais, o SWU reuniu cerca de 150 mil pessoas nos três dias de evento. Participei dos últimos dois, perdendo os bons shows de Mutantes, Mars Volta e Rage Against the Machine. Precisei colocar em prática a difícil arte da escolha, afinal na sexta fui ao excelente show do Rush no Morumbi e nos dias posteriores ao SWU já estavam marcados Cranberries, Natura Us e Green Day. Não dá para querer tudo. Antes de partir para o que interessa - os shows - alguns comentários. Primeiro, mesmo o dono do festival, Eduardo Fischer, insistindo na história de que o SWu era mais que música, envolvia outros temas, no frigir dos ovos, só a música que importou mesmo, o resto foi balela. A segunda questão é que a dita sustentabilidade do festival passou ao largo. De boas intenções o mundo está cheio, mas o SWU pouco se diferenciou de outros eventos: muita energia consumida, muitos carros no estacionamento, estrutura menor do que a necessária para atender um público tão grande e muitas latinhas e garrafinhas espalhados pelo chão. Por fim, dentro do tema da desorganização, o SWU leva uma carta de confiança por ser o ano de estréia, mas precisa organizar o acesso ao evento (estacionamento longe, poeira que não acabava mais e filas homéricas para passar pela revista e entrega de ingressos), precisa disponibilizar maiores stands de comida (o aperto para pegar um simples sanduíche era grande), espalhar mais os banheiros (andar até eles era um sacrifício, por isso muitos faziam no primeiro matinho que encontravam) e repensar a idéia do camping (eu não fui lá, mas as histórias de sujeira, dificuldade de banho, escassez de comida e de água assustavam). Entretanto, nem tudo foi problema. O equilibrado line-up foi a primeira sacada do evento, seguido pelos palcos idênticos que se alternavam em intervalos curtíssimos de até oito minutos, pelos bons palcos alternativos (Oi Novo Som e Tenda Heineken) e pelo pouco transtorno para quem estava chegando de carro - e quase não pegou os temidos congestionamentos.
Enfim, problemas que podem ser resolvidos, originando um festival ainda melhor em 2011. Mas vamos à música. No (meu) primeiro dia do evento, as expectativas estavam todas voltadas para o Kings of Leon. Uma das minhas bandas favoritas dos anos 2000, prometiam fechar a noite em grande estilo. Antes deles, atrações mais sossegadas, no dia de fato mais tranquilo do SWU. A primeira que vi foi Regina Spektor. A russa - que reclamou do frio de 10 graus e da sensação térmica ainda menor - fez um bom show, prejudicado em parte pelo tamanho do festival. Com uma sonoridade intimista, grande talento no piano e voz original, Regina Spektor fez o possível, mas a verdade é que passou um pouco desapercebida. Ficou claro que o show dela em um lugar fechado e menor ia ser arrasador. Em seguida, Joss Stone trouxe uma ótima banda e teve o público nas mãos. Bem bonita e simpática, a garota investiu no vozeirão e fez a festa dos fãs. Admiro o trabalho da cantora inglesa, mas não me considero um fã de fato, então curti o show com alguma curiosidade. Hora do Dave Matthews Band, preterido em prol de uma voltinha pela fazenda Maeda. Já vi o americano no Rock in Rio 3 e não sou lá grande fã de sua música. Mas ao retornar, ainda peguei três músicas, culminando com um cover de "All Along the Watchtower". Um leve arrependimento surgiu, pois a azeitada banda dá um upgrade danado ao insosso Dave Matthews. Nesse pequeno intervalo que tirei dos palcos principais, conferi o excelente DJ Roger Sanchez. na tenda Heineken pegando fogo. Era a hora então do Kings of Leon. Curti o show? Curti. Adorei? Longe disso. Ao vivo, a banda se mostrou um tanto quanto preguiçosa e fez um show apenas correto. O palco, com grandes holofotes ao fundo e um telão que movia de acordo com as luzes, deu um clima bacana, mas o pouco empenho dos reis de Leon e o som baixo tirou um pouco do impacto. Apenas bom.
E assim chega o dia 11, último dia do evento e o mais esperado. É bem verdade que fui mesmo ver Queens of the Stone Age e Pixies, o restante era apenas complemento. Na confusão da entrada, acabei perdendo o Yo La Tengo, já chegando no início de Cavalera Conspiracy. Já vi dois bons shows do Sepultura, mas dessa vez preferi acompanhar apenas de longe. Para os fãs, deve ter sido ótimo ver Max e Iggor Cavalera juntos. Para mim, indiferente. Ao final, ao invés de ver o engodo Avenged Sevenfold, fui conferir a performance do mesmo Iggor cavalera e esposa no duo Mixhell. Música eletrônica com alguns momentos de bateria live. Certamente um dos momentos mais interessantes da Tenda Heineken. Antecedido por um show ok do Incubus, o Queens of The Stone Age subiu ao palco com quase 1 hora de atraso. Primeira falha da impecável alternância de palcos, provocada por problemas no som. Quando Josh Homme e cia subiram no palco, todo o atraso pareceu insignificante. Porrada sucedida de porrada, o QOTSA fez o melhor show do SWU. Som no talo, repertório com os melhores hits e performance matadora dos instrumentistas - com destaque para o assustador baterista. Um excelente show, que infelizmente durou pouco mais de uma hora. Dando sequência a melhor dobradinha dos últimos tempos, o Pixies teve a difícil tarefa de superar o QOTSA. Um pouco menos empolgados que em Curitiba, seis anos atrás, Frank Black, Kim Deal, Joey Santiago e David Lovering tocaram praticamente todo o "Dollitle", salpicando sucessos dos outros discos. No bis, um final digno de nota, com "Where's My Mind" e "Gigantic". Um ótimo show, porém não espetacular como prometia. Na memória, perde para o ineditismo e empolgação do anterior Curitiba Pop Festival. Depois desta dobradinha, restava apenas o cansaço forte, que provocou uma saída prematura do festival. Não foi desta vez que Linkin Park e Tiesto entraram no meu currículo. Algo me dizia quer era melhor guardar na mente a dobradinha inesquecível do Queens of The Stone Age e Pixies... Creio que eu estava certo.
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2 comentários:
Resgatando um pouquinho do que queria ter visto no SWU aqui no seu post. Estive lá no no 1º dia. Adorei seu blog. Com certeza passarei mais vezes por aqui. Beijos, Juliana
Boa tarde, Leo Maia!! Gostei muito da forma como escreve, muita personalidade. Sou uma mera aspirante à jornalista, mas aprendi que texto bom é aquele que nos empolga e prende a atenção. Parabéns!
Viviane Cruz.
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