quarta-feira, 14 de julho de 2010

O vazio da Copa que se foi



O fim da Copa do Mundo dá um vazio danado. Ainda mais em casos graves como o meu, que torço para o Bahia e não vejo cheiro de título há anos. Ver meu time do coração passando por percalços na Segunda Divisão é demais para um amante do bom futebol. Então quando acaba essa maratona de grandes jogos em um curto mês, os quatro anos de espera para a batalha seguinte parecem eternos. Uns vão dizer que em dois anos já tem Olimpíadas, mas não tem jeito, não dá para comparar.

Copa do Mundo é uma das festas mais bonitas e absorventes que existem, difícil não mergulhar com tudo no universo futebolístico. No Brasil então, a coisa fica mais difícil, e até um jogo entre Eslovênia e Argélia reúne curiosos ao redor da tevê. Imagine em 2014, quando o torneio (aparentemente) acontecerá no Brasil. Aliás, esse será um dos motivos para que os tais quatro anos de jejum passem ainda mais devagar. A ansiedade é maior e o Brasil não participará das Eliminatórias, imaginem só que angústia? Até lá, vamos nos cansar de tantas notícias sobre os problemas do Comitê Organizador e teremos que ficar bem atentos à venda de ingressos. O temor de não conseguir ingressos para os jogos do Brasil em 2014 vai perseguir a muitos.

Desta Copa sul-africana que passou fica a decepção com o futebol apático dos comandados de Dunga, que perdeu para um time apenas razoável, a Holanda, e só teve pequenos lampejos de genialidade (especialmente no jogo contra o Chile). Numa Copa em que somente Alemanha e Espanha tiveram vários momentos de fato inspirados, ficou registrado também o paradoxo da Laranja Mecânica. No ano em que a Holanda enfim retornou às finais, depois de dois vices em 1974 e 1978, sua Seleção conseguiu a proeza de cair em desprestígio em todo o mundo. Longe de encantar, ficou marcada pela violência, catimba e pragmatismo. Anos-luz da equipe liderada por Johan Cruyff na década de 70, esse time da Holanda também se mostrou bem inferior àquele da geração de Gullit, Rijkaard e Van Basten, que jogou nos anos 90, mas nada levou. Na África do Sul, a Holanda colocou-se no segundo lugar do pódio, mas sem dar exemplo.

Pois então, já se foram as vuvuzelas e as jabulanis, não adianta lamentar. Agora é torcer para que o Brasil não faça feio, frente ao bom trabalho feito pelos sul-africanos, e aproveite a Copa do Mundo para arrumar essa bagunça em que nós vivemos. O país precisa de infraestrutura e as duas competições esportivas que estão por vir (somando aí as Olimpíadas) são boas desculpas para ajeitar as principais capitais do país. Temos que torcer - com dedos bem cruzados - para que o Comitê Organizador de 2014 preze pelo bom gosto e não transforme tudo em um verdadeiro folclore tupiniquim. Nós não precisamos de mais estereótipos...

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