segunda-feira, 9 de abril de 2012

A estreia do Lolla



A primeira edição brasileira do Lollapalooza saiu melhor do que a encomenda. Confesso que estava receoso, principalmente após a problemática venda de ingressos e as declarações tortas do dono do festival, Perry Farrell. Porém, mesmo com alguns problemas que são comuns a todos os festivais do Brasil (e que demandam alguma tolerância por se tratar da primeira edição deste evento), o saldo do Lolla é amplamente positivo. A começar pelo local escolhido. O Jockey Club é uma opção mais central com amplo espaço e belo visual. Bem diferente do seu irmão bastardo Chácara do Jockey, que pode se tornar um verdadeiro caos em um dia de chuva e é antipático nos mais diversos sentidos.

Ótima oportunidade de termos um grande festival dentro da cidade, sem a necessidade de longos deslocamentos para o interior do Estado. Se a única restrição do local é o horário, com a obrigação de encerrar o som religiosamente às 23h, a questão acaba por se transformar em oportunidade. Caso raro em uma cidade essencialmente noturna, um festival com a luz do sol forneceu a agradável sensação de um evento com ares europeus. Não me levem a mal se o comentário soar elitista, mas o fato é que ainda temos o que aprender com o Velho Continente, quando se trata de grandes eventos de rock.

Destaques

Melhor show - Difícil bater o Foo Fighters como a melhor apresentação do festival. A entrega da banda no melhor momento da sua carreira, com um generoso show de 2h30 e excelente repertório, é de empolgar. Mas confesso que a eficência do Arctic Monkeys deixou uma pulga atrás da orelha. Uma coisa é fato: foram os headliners que brilharam no festival. Confirmaram o favoritismo com alguma folga. Algo que nem sempre acontece.

Show mais surpreendente - Entre as novatas, esperava mais do Cage The Elephant do que do Foster The People. O Cage acabou saindo como imaginado: um show urgente, enérgico, mas de uma banda ainda em formação. Já o Foster The People mostrou uma maturidade inesperada e segurou o show bem, com apenas um disco nas costas. Os caras vão longe.

Show que não vi e queria ver - Calhou de acontecer justamente no horário do Foo Figthers, o que praticamente impede qualquer fugidinha. Com pelo menos uma dezena de hits certeiros que animam qualquer pista de dança, Calvin Harris se aproveitou do bom som do palco alternativo para agradar aos fãs de música eletrônica. Esse eu perdi.

Show mais decepcionante - Jane's Addiction. Mas ok, perdoados, afinal Perry Farrell tem crédito por conta da organização acima da média do festival.

Show no lugar errado - Com uma sonoridade complexa e performance que merecia alguma concentração por parte do público, o TV on the Radio funcionaria nitidamente melhor em uma casa de show fechada. Mesmo com a dificuldade em um espaço gigantesco como o Jockey, os caras não chegaram a decepcionar.

O que funcionou - O visual, a localização e a estrutura do Jockey Club; a pontualidade dos shows; o line-up bem escolhido; o sistema de som (com poucas falhas); os banheiros; a segurança e tranquilidade (não vi uma briga).

O que não funcionou - A saída caótica da multidão no primeiro dia; o sistema de transporte público; as filas para comprar as fichas de comida e bebida; os ambulantes que vendiam chope e se concentravam praticamente num único lugar; o preço do chope (8 reais!!!); o sistema de venda online e entrega de ingressos à domicílio.

E que venha o Lolla 2013!